Nesse momento, ela sentiu seu coração se partir em mil
pedaços. A vista ficou embaçada por causa das milhares de lágrimas que se
acumularam em seus olhos. Não queria piscar.
Não devia piscar. Pois isso a faria chorar, e ela não queria demonstrar
fraqueza. Sabia muito bem o motivo dessa confissão, melhor dizendo, sabia quem era a razão para essa confissão.
- Quer saber de uma coisa? Eu também não te amo mais! -
exclamou Marianella, aparentando ser forte.
Mentira. Ela continuava o amando o mesmo que antes, tal vez
até mais. Deu meia volta, e começou a caminhar lentamente. E caminhou, e
caminhou, e caminhou...e quando se seu conta, estava correndo, com a cara
ensopada, por causa das lágrimas que já corriam em seu rosto. Desceu escadas, subiu no elevador, chocou nas pessoas, e pronto,
estava no observatório. Empurrou com raiva a cadeira giratória que estava no
meio do caminho, e se deixou cair ao chão.
Sentiu passos atrás dela.
- Vão embora! Deixem-me sozinha! – grito, afogada no seu
próprio lamento.
- Sou eu, trombinha, o
que aconteceu? – genial, a única coisa que me faltava agora, alguém que,
indiretamente, me lembrava dela. A Luna. A “mulher” que havia roubado seu
namorado.
- Justo você que tinha que aparecer. Não podia ser a Vale, o Rama, o Tato ou até o Zeca, mas tinha que ser justo você – disse a ele.
- Bom, dá pra se notar que hoje você não está de bom humor.
Ovídio disse que... – Mar, que até agora estava de costas, se virou
- NÃO ME IMPORTA O QUE ESSE ESTÚPIDO DIZ! – gritou. Jaime se
surpreendeu ao ver sua cara inchada e vermelha.
- Mar... o que está acontecendo? – voltou a perguntar desta
vez, num tom mais baixo, mais tranqüilo, enquanto timidamente acariciava o
ombro dela.
- Quero voltar pra minha casa, isso está acontecendo...
Thiago ficou petrificado, estático, olhando o lugar vazio
onde antes estava Marianella. Faz um tempo, que nem em seus sonhos mais obscuros pensou que viveria o momento em que ela lhe diria: “já não te amo mais”. E ainda lá estava ele, com uma sensação
estranha no peito. Sentia-se oco, com um vazio, como se estivesse faltando alguma
coisa, um pedaço de si. Angustia, essa era a palavra. Estava angustiado. Mas
não sabia o porquê.
Não tinha porque de se sentir assim se Marianella havia falado
a mesma coisa para ele. Ao final das contas, já não amava mais ela... o sim?
Não, já não... verdade? Legal, agora além de angustiado, estava confuso. E ficar
ali não traria respostas pra ele. Decidiu dar meia volta, e começar a caminhar.
Em seu presente, o passado agora, a sala de ensaios era seu
lugar para pensar, para se tranqüilizar. Abriu a porta, e encontrou a Marcio,
Estefanía, Melody, Valéria, e Simón ensaiando uma canção. Conhecia essa música,
era de sua época (considerando que estavam no futuro). The Scientist, do
Coldplay. Fechou a porta com cuidado, e se apoiou nela, disposto a escutar-los.
Palavra por palavra, a música parecia ser criada da sua própria caligrafia,
nesse momento. Mostrava perfeitamente sua situação.
Com lágrimas nos olhos, saiu correndo do salão, fechando a
porta. Parecia uma brincadeira de mau gosto que justo nesse momento, estavam
cantando essa canção. Pensou em algum outro lugar tranqüilo para pensar, onde
não tivesse muita gente. E encontrou o lugar perfeito, o observatório.
Ao fim de, acelerar os passos, e caminhar em vários
passinhos em alguma outra escada, chegou. E nesse momento, percebeu a má sorte
que tinha: o observatório estava ocupado, e pela pessoa que ele menos queria
encontrar nesse momento, Mar e... Jaime? O que ele estava fazendo com ela? Não
pensou duas vezes, subiu a escada de novo, já que estava na metade, e sem fazer barulho, sentou na beirada,
e esticou o pescoço para escutar o que falavam.
- Quero voltar pra minha casa, isso está acontecendo – Marianella finalmente,
deixou de se fazer de forte, e abraçou Jaime, buscando nele algum consolo para
a dor que sentia – Acontece que já não posso mais. Desde que viemos ao futu...
desde que viajamos – se corrigiu - tudo
está diferente, tudo é diferente. Enfrentamos tantas coisas juntos, nos amamos
como poucas pessoas se amam. Pode me explicar agora, aonde esta esse amor? Como
pode uma garota que ele conhece faz, não sei, três semanas, apagar tudo da sua
memória, tudo o que vivemos juntos? Os obstáculos as armadilhas, Barto,
Dolores, Melody, Simón, onde está tudo isso? – fez uma pausa, para respirar –
esse não é o meu Thiago. Não é o Thiago que eu conheci, não foi por ele que eu
me apaixonei. Eu quero meu Thiago de volta – finalizou, como um capricho de uma
criança pequena, e voltou a chorar. Jaime abraçou-a mais forte.
Vinte e dois degraus a cima, Thiago começou a chorar. Passou
a mão pelo rosto sem jeito, secando a umidade de seu rosto, no entanto, não
pode deter seu choro. Sentia-se mal, arrependido. Mar havia lhe explicado o
porquê de está assim ultimamente. Primeiro com Jazmin e o convite ao batizado,
e agora com Luna. Reação compreensível, imatura, mas compreensível. Sentiu-se
mal, queria estar com ela, abraçá-la e pedir perdão umas mil vezes por não a
entender.
- Duende, se incomodaria se te pedisse pra me deixar
sozinha? Preciso pensar – perguntou num sussurro
- Não, claro que não – ele sorriu – se precisar de mim estou
lá em cima – soltou ela delicadamente, e subiu as escadas
Thiago rapidamente se escondeu entre uns livros, no entanto
Jaime o descobriu, e se limitou em negar com a cabeça e seguir seu caminho.
- Obrigada – ela sorriu como pode. Esperou que Jaime
desaparece-se de sua visão, e parando de sorrir disse: já te vi Thiago, saia daí
Surpreso e não sabendo como ela o havia visto, desceu as
escadas, com a cabeça baixa, envergonhado. Ele apoiou um joelho no chão e
estendeu a mão, acariciando seu rosto. Marianella se afastou de imediato,
e ele sentiu que seu peito doía de uma forma inexplicável.
- Há quanto tempo esta ai? O que está fazendo aqui? O que
você quer? – seus olhos se encontraram. O olhar dela era de um preto opaco, sem brilho, seus olhos estavam vermelho de tanto chorar, mas estava apagada... como se não fosse ela.
- O suficiente. Vim aqui para pensar, mas encontrei vocês
dois conversando e fiquei para escutar. Quero conversar – e pegou as mãos dela,
e desta vez ela não se afastou – Eu sei que foi errado gritar com você Mar. Mas, não sei, me... me deixa nervoso que fique o tempo inteiro se
queixando de que eu converse com a Luna, que a Luna isso, que a Luna aquilo
outro...
- Ah, então eu estou errada? – o interrompeu, soltando as mãos –
então eu não tinha razão quando te disse que ela sente coisas por você? - recriminou-o, olhando friamente nos olhos
dele. Thiago baixou a vista, claramente envergonhado – não venha me dizer isso
agora Thiago, não agora... não quando você me disse... – parou de falar por
causa do choro. Lembrava e não podia deixar de chorar.
- Sobre isso você sabe que não é verdade. Eu disse isso porque
estava de cabeça quente...
- Como posso saber se o que você diz é verdade. Se sempre
está com a Luna, todos os dias. Já não é mais o Thiago que me beijava e ma
abraçava a cada dois segundos... já não estou tão segura de que você me ame. E
não – apontando ele com o dedo – não me olhe assim, porque você sabe que tenho
razão. Sempre estão todos os dias juntos. E sim, fui uma estú-pida, uma criança
por fazer falsos rumores sobre o Jaime e eu, por fazer milhares e milhares de
planos para afastar vocês nem que fosse um pouquinho só, por escutar o Jaime e
o Ovídio, mas eu fiz tudo isso porque sentia... porque sinto... que estou te
perdendo.
Os dois choravam juntos. Ambos sentiam uma dor que partia o coração.
De repente, e sem saber porque, Marianella envolveu seus braços ao redor do pescoço de Thiago. Ele, não hesitou e a abraçou pela cintura. E assim, os dois se unirão em um abraço, expondo seus corações a mais doce das sensações, aos mais amargos dos castigos, ao mais estranho de todos os sentimentos: AO AMOR
Os dois choravam juntos. Ambos sentiam uma dor que partia o coração.
De repente, e sem saber porque, Marianella envolveu seus braços ao redor do pescoço de Thiago. Ele, não hesitou e a abraçou pela cintura. E assim, os dois se unirão em um abraço, expondo seus corações a mais doce das sensações, aos mais amargos dos castigos, ao mais estranho de todos os sentimentos: AO AMOR
Este conto está com um final aberto. Para que vocês tenham imaginação, assim poderão escrever ou pensar em um final pros dois, podendo ser bom, ruim, trágico, tanto faz. Poderão inventar qualquer final só ter imaginação...
Olá!
ResponderExcluirParabéns, você escreve muitíssimo bem, seus contos são perfeitos, me emocionam e, me faz querer ler mais e mais!
Vou divulgar seu blog no meu, okay? (posso?)
Contos perfects!!!