quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Consolo



A morena seguia balançando suas pernas de um lado para o outro, estava com elas penduradas por causa da altura da mesa em que estava sentada. Limpou seus olhos ao sentir que outra lágrima caia. E nesse momento, pela porta entreaberta, vê Thiago e Jazmin passando rindo.
“De mim” assegurou ela, sentindo uma pontada no peito. “sem rancor” se lembrou, não podia estar odiando sua “melhor amiga” muito menos seu “namorado da vida inteira”. Doía, muito, matava... mas para eles pareceu que isso não importava.
“Ver eles juntos é como se tivessem me golpeado forte no ring. Vê-lo colocar seu braço ao redor do ombro da cigana é como  se apunhalarem ela no peito. Ver ela sorrindo de forma sedutora me faz sentircomo uma bofetada suja no rosto. Vê-los juntos , assim juntos, me faz perder até o ring de número 256”
Sua amiga, Jazmín, era como uma irmã para ela. Porem não se pareciam nem um pouquinho, e Mar sabia que era isso que o Thiago gostava. Jazmín era loira, de olhos claros, alta e de um corpo perfeito. Mar era morena, baixa, de olhos escuros, e também tinha um bom corpo, mas não o suficiente para Thiago, que se foi com Jazmin e deixou-a com ciúmes, sozinha e chorando.
Marianella já não sabia mais que fazer. Se ela pedia uma explicação a Thiago, ele ficava com raiva e discutiam. Pedia-se uma explicação a Jazmin, ela se fazia de ofendida e gritava aos ventos que estava ficando louca. Mas Marianella não estava louca, não era tonta, e dava pra se notar de longe que Jazmin era uma oponente difícil. “Que amiga!” pensou ironicamente a morena. Supõe-se que as amigas estão para darem apoio em momentos assim, e não era ninguém mais que sua amiga que estava fazendo ela se sentir assim.
Ela conhecia Jazmín, e sabia que era insuportável quando se trata do ego, e sobre tudo em histeria; isso ninguém conseguia ganhar dela. É uma menina chata e odiosa a primeira vista, mas quando chega a conhecer-la é uma menina boa e graciosa. “Claro, até que cai a mascara”
Para ela, estava tudo perdido. Só as lagrimas e rancor podia preenchê-la. E mais adentro a fúria, a impotência; tudo dentro dela, por que se os deixava sair o barraco se armaria.
-Baixinha?
Ela não precisava levantar a cabeça. Sabia que era ele e não queria olhá-lo, Tato é um grande amigo, se conhecem praticamente o tempo em que esteve no orfanato. Mas odiava que a vissem assim, porque ela era forte, mas como sempre; o amor acaba com a gente.
Tato também havia sido namorado de Jazmín, e também digo por que Mar já não é mais namorada do Thiago. Mas Tato soube levar bem as coisas, não sabe se é por que tem o coração três vezes mais forte que o de Mar ou porque simplesmente não se incomodou, porque ele estava feliz com Melody. Quem sabe...
-Ei! Baixinha – o loiro balançou sua mão em frente ao rosto da morena.
Ela, a duras penas, levantou o rosto. O loiro se sentiu mal ao ver que o lindo rosto de sua amiga estava banhado em lágrimas. Era como uma punhalada. Tato não era maduro, mas com Mar havia sido sempre protetor, como um irmão. Doía vê-la chorar assim, ele sentia culpa, por mais que ela não havia chorado por culpa dele, mas para Tato era como se isso tivesse acontecido.
- Baixinha – disse com uma voz doce, sentando-se ao lado dela. – Que aconteceu?
Ela negou com a cabeça. Ele não sabia se ela estava tentando dizer “nada” ou simplesmente que “não queria falar”.
- Vai baixinha – o loiro não recebeu respostas nem físicas nem verbais. Só que ela fungava o nariz outra vez – os ratos comeram sua língua? Agora veja a mais falante vem se fazer de santa.
Silencio. Tato suspirou ao ver que ela nem tirava o cabelo da cara, obstruindo os olhos de Tato. O loiro olhou para o chão, envergonhado. Sem querer admitir ele sabia que Mar estava assim por culpa do Thiago. Tato havia começado a ficar com raiva daquele “moleque” como ele dizia. Thiago tinha a Mar, se Tato a tivesse não deixaria ir, disso ele estava seguro e tinha certeza.
- Se não quer falar... eu te entendo – murmurou
Ficou surpreso quando ela colocou a cabeça no seu ombro. Na verdade a ação não o surpreendeu muito, por que ela sempre foi pegajosa com ele; e vice-versa. O que o surpreendeu foi à reação do seu corpo quando sentiu o contato de seus seios contra seu braço. Marianella era só sua amiga, lembrou pra sua mente maldosa.
- Desculpa – sussurrou ela, com a voz rouca por causa do choro
 Ele ficou congelado. Ela estava pedindo desculpas por que sentiu o que ela provocou nele? Não! O estava pedindo porque não queria falar. Que tolo estava Tato, tinha que parar com isso.
- É ele, não? – ela afirmou e seu largo e macio cabelo fez “carinho” no braço de Tato. O loiro sentiu um calafrio e todos os pelos de seu braço ficaram em pé. – Não liga, Thiago é um idiota quando quer...
Ele voltou a confirmar e se acomodou no ombro dele, os seios se chocavam contra o forte braço do loiro. Se ela continuasse a fazer aquilo ele iria consolá-la de outra forma. Engoliu a saliva. Não podia pensar em outra coisa que não seja tocá-la enquanto ela estava "rosando" inconscientemente no braço dele.
- Se você quiser minha opinião – o loiro levantou as sobrancelhas – ele é um idiota de deixar uma garota como você.
Ela levantou o olhar. Tinha uma cara masoquista para ele e os olhos marrons brilhavam ausentes. São marrons ou pretos? Tato ficou em transe olhando para eles. Ela tinha os olhos mais vivos e mais bonitos que os de Jazmín, e só agora havia se dado conta.
- Não valho nada – sussurrou ela, e voltando a abaixar o rosto. O loiro passou o braço que estava fazendo contato com ela, ao redor de seus ombros, pensando que assim seus pensamentos maliciosos ficariam pra trás. Havia pensado mal, e se deu conta disso quando sentiu seus redondos seios chocar contra o dorso dele.
- Você não vale nada? Baixinha você vale ouro!
Ela sorriu apenas, levantando o canto dos lábios cor de cereja.
- Mentiroso – sussurrou ela.
- Eu não minto! – disse – eu digo a verdade.
- Sério? – ela voltou a levantar o rosto. Tato continuava sem entender como Thiago pode ter deixado a Mar, era tão linda.
- Sim – sussurrou ele
- Me diz a verdade então.
- Thiago é um idiota por ter deixado uma garota como você – isso havia saído dos pensamentos obscuros de Tato, mas o loiro decidiu parar assim que percebeu o erro que cometeu. Ela olhava com um sorriso, e Tato percebeu que ele não mentia.
- Obrigada – disse ela, dando um beijo na bochecha do loiro. Tato ficou sem respiração ao sentir aqueles lábios carnudos e redondos sobre sua bochecha, e quando fizeram pressão o loiro jurou que Marianella Rinalde não era uma garota comum.
Marianella era imperfeita; com sua baixa estatura, com seu caráter ciumento, com sua pouca inteligência e com suas piadas em ocasiões sérias. Mas ela não ia deixar de ser perfeita, nunca, aos olhos de Tato Morales.
Porque para ele não importava se ela fosse baixa, enquanto tivesse o corpo que tinha.
A ele não importava se ela fosse ciumenta, porque sabia que daria qualquer coisa para que ela tivesse ciúmes dele.
Tão pouco importava se ela era pouco inteligente, porque Marianella não era inteligente; mas sim era viva, precoce, audaz.
E se tinha algo que ele gostava nela, é que sempre ele a fazia rir e sorrir.
Ela era como a garota que sempre quis.
Bonita; não importava se Jazmín era mais, porque Mar tinha sua beleza e era grande.
Era viva; Ele ficava encantado com as coisas que ela podia chegar a realizar.
Ciumenta; adoraria ser quem recebia os ciúmes do casal, e não ele que tinha que ter.
Engraçada; não havia palavra em duas frases dela que não te faziam rir.

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